segunda-feira, 3 de março de 2008

Magnificat








Quando é que passará esta noite interna, o universo.
E eu, a minha alma, terei o meu dia?
Quando é que despertarei de estar acordado?
Não sei. O sol brilha alto,
impossível de fitar.
As estrelas pestanejam frio,
impossíveis de contar.
O coração pulsa alheio,
impossível de escutar.
Quando passará este drama sem teatro?
Ou este teatro sem drama?
E recolherei a casa?
Onde? Como? Quando?
Gato que me fitas com olhos de vida
que tens lá no fundo?
É esse! É esse!
Esse mandará como Josué, parar o sol
e eu acordarei;
E então será dia.
Sorri, dormindo minha alma!
Sorri, minha alma, será dia!

Álvaro de Campos

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